domingo, 26 de outubro de 2014

A Gruta de Flautas de Bambu !


Uma das cidades que fui durante minha viagem à China com duração de 15 dias, foi Guìlín (桂林). Esta cidade está localizada no noroeste da Região Autônoma Zhuang de Guangxi, situada na margem oeste do rio Li, em uma zona de montanhas, com isso deixando a cidade com um belo visual.


Visitei diversos lugares, mas o que mais me chamou a atenção foi conhecer a Gruta de Flautas de Bambu, cujo nome deve-se à tradição de fabricar flautas com as canas de bambú que crescem ao redor da entrada da gruta. Ela também serviu de refugio durante a II Guerra Mundial. 

Esta gruta tem o visual fantástico devido à iluminação criada pelos chineses com luzes de neon em conjunto com as diversas formações de estalactites e estalagmites.

Outro fator incrível na Caverna é que dentro tem um lago interior, conforme a foto:


Viajar para o oriente é algo incrível e transformador do qual sugiro para quem tiver oportunidade de conhecer, não irá se arrepender.

Relato concedido por Luiz Carlos.

domingo, 19 de outubro de 2014

15 dicas antes de ir para China!


1 – Para ir à China, é necessário ter o visto de entrada que custa em média R$300,00. Se a viagem for somente para Hong Kong ou Macau, o visto não é necessário.
– Vá até um posto de vacinação e verifique quais vacinas são necessárias para ir à Ásia, tome-as com pelo menos 15 dias de antecedência.
- Troque o real por dólar americano, mas evite pegar notas antigas, manchadas ou rasgadas, devido ao alto índice de falsificação alguns locais não aceitam estas notas, principalmente em cassinos.
4 – Se precisar de interprete contrate nas universidades de língua portuguesa no país, em alguns locais da China só se fala mandarim ou cantonês e sai muito mais barato do que contratar pelas agências, mas lembre-se que interprete não é guia turístico.
5 – Macau  é a cidade mais cara da china, pois é a Las Vegas asiática, no entanto, o real tem valor em Macau. Do lado fica Hong Kong, o paraíso dos eletrônicos, vale a pena sair as compras.
6 – Assim que chegar troque os dólares americanos por patacas (apenas para Macau) e por Hong Kong dólares (aceito em Macau e Hong Kong).
7 – Leve remédios de costume para indisposição alimentar, pois os temperos e a comida são muito diferentes, evite também beber água das torneiras.

8 – Evite roupas extravagantes, curtas ou decotadas demais para não se sentir o incômodo de olhares reprovadores do povo chinês.
9 – O chinês é um povo silencioso, com exceção dos cassinos, o tom de voz é bem moderado e alguns se assustam com os sons efusivos do povo latino. Também não se recomenda cumprimentos com beijos ou tocar demais no interlocutor, principalmente se for do sexo oposto e estiver em público.
10 – Prefira travelers cheques ou cartões de crédito / débito, traga poucos dólares pois é muito fácil encontrar caixas eletrônicos para pegar dinheiro, não se preocupe com roubos, o índice de violência é muito baixo.
11 – Na China é permitido fumar em diversos locais, mas respeite as pessoas e mantenha distância quando estiver fumando. Não jogue bitucas em plantas ou na rua, em Hong Kong e Macau as ruas são muito limpas, sem sujeiras ou pontas de cigarro.
12 – Se for a negócios, entregue e receba documentos, papéis ou cartões com as duas mãos e  permaneça com o material recebido até que quem o entregou saia ou guarde algo primeiro, se isso não acontecer, pergunte a pessoa se já pode guardar.
13 – Não fure fila na China, pois o povo fica indignado e reclama disto. Espere pacientemente sua vez, afinal é gente demais em todos os lugares.
14 – As comidas orientais servidas na China não são tão iguais as servidas no Brasil, atenção ao escolher os pratos, pois os temperos são bem exóticos ao nosso paladar. Em geral a alimentação é um dos itens mais caros durante a viagem.
15 – As tomadas no país são em sua grande maioria de 220 volts. Traga equipamentos eletrônicos de dupla voltagem, os bivolts. Existe também um adaptador de viagem internacional que serve bem na China.

domingo, 12 de outubro de 2014

Ser estrangeiro na China


Até que não é tão difícil assim morar na China! Ai você vai pensar: ‘ela enlouqueceu!’. Mas não, é só você comparar algumas situações.
A língua é a primeira delas. Realmente o mandarim é muito difícil, estou tentando com afinco dessa vez, mas se quer escrever também, ai a coisa pega! A maioria dos estrangeiros que falam mandarim fluente, os que eu conheço, não escrevem em caractere. Somente em pinyin. E isso continua sendo uma enorme barreira, porque o chinês geralmente não sabe ler o pinyin. Mas em contrapartida, aprende mandarim quem quer e se quiser. O governo não obriga o estrangeiro que venha residir e trabalhar na China a aprender o idioma nacional.
Também conheço pessoas que moram aqui há 10, até 15 anos e não falam nada de mandarim além do trivial ‘Nihao’ (como vai?), ‘zai jiàn’ (até logo) e ‘duoshao qiàn?’ (quanto custa). Meu marido é um deles! =[ Se acomodou com a secretária-tradutora-assistente e pronto. E olha que sobreviver em Chang Chun, norte da China, sem o mandarim não deixa de ser um ato de bravura! Já em Shanghai as coisas são mais simples, porque a comunidade de estrangeiros é imensa, e há o que chamo de ‘bolha’ onde vivemos. Nessa ‘Neverland’ os restaurantes tem cardápio em inglês, os garçons falam ao menos um inglês básico, as lojas são voltadas também para o público do resto do mundo. Aí, com uma mimica aqui, um google translator ali e um montão de paciência é possível se comunicar. E depois de um tempo, a gente acaba se acostumando com esse jeito de viver e até acha que é normal. Acreditem.
O que vem acontecendo nos últimos dois ou três anos, é que as empresas (principalmente as multinacionais) estão querendo funcionários estrangeiros que tenham um domínio relativo do mandarim. Hoje falar mandarim é um PLUS e tanto no currículo de qualquer pessoa.
Tenho uma invejinha boa das crianças, que chegam aqui mal falando sua língua materna e depois de seis meses falam inglês, mandarim e mais a língua de casa. E ainda corrigem os pais na pronúncia do inglês! Dorme com esse barulho! Como frequentam escolas internacionais, o inglês é a língua principal. Na escola até o 10° ano, o mandarim é compulsório e a língua materna é a que se fala em casa. Com o plus de aprender a escrever em caractere. Pensem no futuro dessa geração que vai para o mundo daqui mais uns anos.
Aí você se pergunta: Mas já que o mundo quer fazer negócio com a China, porque o governo não incentiva o estrangeiro a aprender o mandarim? Porque não interessa. Essa é minha conclusão depois de tantos anos aqui. E esse é o outro ponto que difere de ser estrangeiro em outros países. Na China sempre seremos estrangeiros, diferentes, forasteiros. E vamos combinar que é impossível um alemão loiro de olhos azuis ser confundido com um local, certo? Nem no branco dos olhos isso cola!
Ninguém recebe cidadania chinesa, mesmo morando aqui há 20 anos. Se seu filho nascer aqui ele não é chinês. E se você estiver ainda na China quando ele fizer 18 anos, ele tem que ir embora, pois o vinculo familiar para visto termina ali. Conheço uma família de finlandeses que moram aqui há décadas, dos quatro filhos, só um nasceu na Finlândia. Os outros três nascerem e cresceram aqui. Falam melhor o mandarim do que a língua materna dos pais, mas como foram fazer faculdade na Europa, quando vem passar as férias de verão e as festas de final de ano com os pais, precisam de visto de turista.
Meus filhos estudam aqui, então o visto deles é atrelado à universidade. O Nelson quando fez 18 anos ainda estava na metade do IB, e mesmo assim, o visto dele foi desvinculado do visto da família e a escola teve que enviar uma série de documentos que comprovassem que ele era aluno frequente.
Resumindo, se nunca o governo dará ao estrangeiro um visto permanente, porque fazer a pessoa se descabelar para aprender sua língua? A ideia de expatriação na China sempre foi de temporada, de estação. A maioria das pessoas vem com dia certo de chegada e de partida. Com algumas exceções, como a da minha família, que nem imaginamos o dia que voltaremos ao Brasil! Mas mesmo depois de nove anos, todo ano precisamos renovar visto. Quando saímos e entramos no país temos que passar pela imigração, da mesma forma que o turista que vem passar uma semana.
Agora a lei de visto sofreu uma alteração e parece que em alguns casos serão emitidos vistos de 5 anos para alguns profissionais residentes. Estamos torcendo para que seja o nosso caso. Aí, ao menos esquecemos a burocracia por um tempo!
Zài Jiàn!
Fonte: Brasileiras pelo Mundo. 

domingo, 5 de outubro de 2014

Shanghai: entre o passado e futuro !


Às margens do Rio Huangpu debruça-se a mais populosa e dinâmica cidade da China, Shanghai. Atualmente possui mais de 20 milhões de habitantes, mas ela surgiu modesta, como uma vila de pescadores há cerca de mil anos. Por causa do rio se tornou um importante porto durante a Dinastia Ching, no século XVIII. Em 1920 já era o principal ponto de comércio entre a Ásia e o mundo. Mas, a chegada do comunismo, em 1949, estancou essa fase áurea por mais de quarenta anos até que, novamente, o dragão alçou vôo e reconquistou seu espaço na economia mundial. 


O rio sempre acompanhou silenciosamente os altos e baixos de Shanghai desde os primórdios, durante a Dinastia Sung, até a superlativa fase atual. Ele marca uma fronteira bem nítida entre a margem esquerda – “The Bund” – onde se erguem os prédios históricos da época em que a cidade era o terceiro maior centro financeiro do mundo e a margem direita – “Pudong” – área rural, cheia de plantações de bananeiras que foi convertida pelo governo no novo centro financeiro. E, surpreendentemente, isso ocorreu em menos de dez anos. Assim, passado e futuro se olham de frente, tendo as águas do rio Huangpu como testemunhas do tempo.


A arquitetura européia típica do século passado mostra os sinais de que o ocidente já andou marcando terreno em Shanghai. Antigamente, a avenida “The Bund” ou Zhongshan Dong Lu ficava no coração do que era a cidade colonial, com importantes prédios que abrigavam escritórios, restaurantes, bancos e hotéis. A maior parte desses prédios continua de pé e a arquitetura é tão européia que até parece se tratar do ocidente se não olharmos para Pudong, na face oposta do rio. Uma caminhada pela calçada à beira do rio, pela Bund, é ótima para se ver os barcos passando e observar a cidade respirando. Crianças brincam, adultos fazem tai chi chuan, letreiros brilham, ideogramas anunciam o que nem conseguimos imaginar e carros buzinam desesperadamente em meio à bicicletas e ônibus.


A principal rua de comércio de Shanghai, Nanjing Lu, parte perpendicularmente do Bund e ruma para oeste, dividida em duas partes: Nanjing Dong Lu e Nanjing Xi Lu. Numa extensão de dez quilômetros, muitos anúncios coloridos em chinês concorrem lado-a-lado. Uma parte da rua é exclusiva para pedestres. Chineses abordam os turistas, insistentemente, dizendo: “Louis Vuitton, Chanel, Prada. Balato, balato! Only for you” e tentam direcionar quem passa, para suas lojinhas. 

É comum, segurarem a pessoa pelo braço, começarem a dar tapinhas, dizer que você é bonito e rir sem parar tentando chamar a atenção. Isso quando não aparecem outros conterrâneos de olhos puxados, munidos de máquina fotográfica tentando conseguir uma foto com os ocidentais que consideram quase “ETs”, especialmente loiros e ruivos. Chega a ser sufocante. Às vezes dá vontade de sair correndo. 

Não satisfeitos em conseguirem levar o freguês até seu ponto de vendas, começam uma longa negociação. Sim, porque se não houver pechincha, os chineses não ficam satisfeitos. É um teatro. Eles dão o preço na calculadora, você propõe outro, também na calculadora. Eles fazem cara de que estão aborrecidos. Você, então, vai embora. Eles saem correndo e trazem o comprador de volta, dizem que não terão lucro com aquele valor e por aí vai até que o produto seja comprado por menos da metade do valor inicial. No começo é muito engraçado, mas depois cansa. É absolutamente surreal! 


Vale lembrar que nessas lojas tem de tudo, desde produtos de péssima qualidade até peças originais que foram parar lá, sabe-se como... É preciso muito cuidado para não levar gato por lebre. Mas, também há lojas grandes de departamento onde isso não acontece, como o Plaza 66. O preço está na etiqueta e não tem negociação, pois os artigos são originais. 

A rua Nanjing vai dar no Parque Renmim, onde ficam o Shanghai Museum, o Grand Theatre e o Shanghai Urban Planning Exhibition Hall. 



Do outro lado do rio, na sua margem leste, situa-se o mais novo bairro da cidade – Pudong – com uma área imensa de negócios distribuídos por alguns dos prédios mais altos do mundo. A transformação sofrida por essa área foi enorme em pouquíssimo tempo. A Torre de TV Pérola Oriental possibilita uma vista maravilhosa do alto de seus 457 metros. 

Para se conseguir uma boa vista do bairro de Pudong, uma dica é ir ao Restaurante “M on The Bund”, do outro lado do rio, sentar na varanda e pedir um prato da tradicional cozinha européia. O restaurante é bom, considerado um dos melhores da cidade. Mas, ainda assim, se o prato escolhido não for lá essas coisas, pelo menos o visual é imbatível.



Para ir diretamente do futuro ao passado, nada melhor do que sair de Pudong diretamente ao Yu Garden, na Cidade Velha. Construções tipicamente chinesas, que incluem pagodes, templos, pontes, ruelas e jardins do século XVI deixam qualquer um embevecido. O jardim foi construído pelo oficial Pan Yunduan para seu pai e já foi todo restaurado. É absolutamente imperdível. Um almoço por ali precisa incluir os tradicionais bolinhos “Dim Sum”, típicos de Shanghai. Com recheios diversos: de carne, porco, frango, camarão e legumes são feitos na hora. Uma delícia!



Mais tarde, não pode faltar uma pausa para o chá na Casa de Chá Huxingting. Os chineses consomem muito chá. Há experts no assunto que analisam as safras e as melhores regiões produtoras. Os chás de jasmim em flor fazem parte de uma cerimônia inesquecível. Enchem os olhos com sua beleza e deixam saudade do seu paladar. 



A entrada no oriente desvenda um mundo de cultura milenar para os ocidentais. Confúcio já tinha pregado seus princípios há muito tempo quando Sócrates ainda era uma criança. Há muito que ver e aprender na China. É uma experiência especial. Vale cada minuto!

Fonte: Viajar pelo Mundo

domingo, 28 de setembro de 2014

Viver na China e ser feliz. Isso é possível?



Para mim a resposta é um enorme, imenso, gigantesco SIM! E ‘superlativos’ é uma coisa que aprendemos a usar no dia a dia aqui na China, pois aqui nada é grande – é enorme. Nenhum lugar é cheio – é lotado. Só para vocês entenderem o porquê de eu ter colocado tantos antes do meu sim! 
Mas, logo em seguida, completo com outra pergunta: é fácil? Respondo sem hesitar: Não!
Já sabemos que toda a mudança gera uma série de desconfortos, seja de país ou de cidade. E seja lá para onde for.  Sempre teremos que nos acostumar com os costumes e regras locais, com os códigos sociais, com os horários e as ‘manias’ de cada povo. Mas vamos combinar que alguns países superam qualquer capacidade de adaptação. A Índia, Emirados Árabes, e a maioria dos países da Ásia, só para citar alguns.



No caso Ásia, a China é o vilão! Tailândia, Filipinas são considerados paraísos na terra, e todos veem o lado romântico de viver numa praia paradisíaca e quase que impossível de se visitar para a maioria das pessoas. Cingapura e Japão são os exemplos de organização, civilidade e desenvolvimento. E a China… bem, a China é o local que ficou fechado para o mundo por décadas, que as pessoas comem escorpião, ovo podre e cachorro. Que se cospe no chão, arrota na mesa e falam uma língua completamente maluca cheia de tons e sons.
Tudo isso é verdade? Sim, é verdade. Mas viver na Tailândia não é sol e mar o dia todo, todo dia; e o Japão tem lá seus problemas sociais e de excesso de organização também. Só que isso não sai nos jornais. Já a China, possui uma culinária exótica, mas também deliciosa. Você escolhe o que comer e se quer comer essas coisas esquisitas. O povo cospe no chão sim, mas isso vem de séculos, e é explicado através da cultura milenar. Para eles esquisitos somos nós que saímos abraçando e beijando todo mundo que encontramos no caminho. Mas isso também não sai nos jornais.
Então, só posso dizer que tudo vai depender de cada um, simples assim. Ser feliz é uma opção pessoal, é a capacidade de lidar com os desafios da sua vida e viver cada dia plenamente. É superar seus problemas diários, é buscar soluções e enfrentar os desafios. É, depois de um dia cheio de estresse, poder dizer: consegui chegar até aqui, amanhã tem mais. Sinceramente, para mim felicidade plena não existe. Então vamos saborear os momentos especiais do nosso dia, mesmo que seja no meio do caos.



Ser feliz na China ou em qualquer outro local do mundo (incluindo o Brasil, a cidade onde nascemos) é possível desde que se decida que ‘isso é possível’. E esse processo de aceitação, essa decisão de ser feliz, começa no momento que se decide aceitar o desafio e se bate o martelo: eu vou!
O cheiro é esquisito, a lógica deles é completamente ‘no sense’ para nós, no inicio não entendemos uma palavra do que dizem, e os códigos sociais são de deixar todos de cabelo em pé. Mas por outro lado, meus filhos adolescentes saem para balada e eu durmo. Saímos na rua de madrugada e não temos medo de ser mortos, assaltados, agredidos.  As crianças crescem falando no mínimo 3 idiomas fluentemente. Hoje tenho amigos no mundo inteiro e se você está lendo esse artigo, foi porque decidi fazer da minha vida aqui ser a melhor possível.
O meu lema é sempre colocar na balança as perdas e os ganhos. E para minha família os ganhos foram sempre maiores, mais valiosos, é o famoso ‘depois que passa a gente ri’, é o olhar para trás e ver quantos desafios superamos, quantas coisas aprendemos. E nunca esquecer que o Brasil, apesar de ser meu país e que eu amo e tenho saudades, não é nenhuma Suíça. E muitas coisas que vejo aqui, nas devidas proporções, já vi por lá também.



O primeiro ano foi horrível do ponto de vista emocional. Mas em qualquer lugar é assim ! 
Portanto se chegou até aqui para saber se é possível viver na China, digo que sim. Se for Shanghai, não tem nem o que questionar. Outras cidades são um pouco mais complicadas na questão de costumes e facilidade de encontrar produtos internacionais, mas não impossível. Tem muito brasileiro espalhado pela China, vivendo muito bem, obrigada! 
Minha única recomendação: venham de coração aberto ao novo, ao diferente e consciente das dificuldades que vão surgir. Encarem como uma oportunidade de crescimento pessoal, de aprendizado e não como uma penitencia. E procurem, assim que possível, VIVER aqui. Algumas pessoas encaram a China com um ‘gap’ na vida, e tudo irá acontecer quando voltar ao Brasil. Mas a vida não para, nunca.



Para terminar, deixo uma frase de Fernando Pessoa que foi meu ‘mantra’ quando saí do país. Inclusive fiz um imenso adesivo de parede e colei na frente da minha escrivaninha:
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos.”
Até a próxima!
Esse artigo foi publicado originalmente no blog Brasileiras Pelo Mundo.

domingo, 21 de setembro de 2014

No outro lado do mundo !



Minha primeira ligação com a China foi em 2011 quando comecei a estudar Mandarim pelo Instituto Confúcio na Unesp, no campus de Marília. Desde a infância tive interesse na cultura oriental, mais a cultura japonesa, e iniciei o curso de Mandarim pensando ser parecido com o Japonês e que as duas culturas eram bem semelhantes, mas me enganei. Fiquei encantada com a riqueza da cultura chinesa e do idioma.



Em junho de 2012 tive a oportunidade de ir para a China em um Curso de Verão, organizado pelo Instituto Confúcio na Unesp, com mais 21 colegas do curso de Mandarim. Ficamos 25 dias na China, na Universidade de Hubei, em Wuhan, e em Beijing. Tínhamos aulas de idioma, de história, cultura, dança, música, culinária e fazíamos passeios culturais e para compras.



Uma das coisas mais impressionantes que percebi ao chegar em Wuhan foi a grande quantidade de construções de edifícios destinados a habitação, isso só no trecho Aeroporto-Universidade. Prédios enormes (altura e largura) sendo construídos, ou na fase final de acabamento com números de telefone para a venda, e quanto mais nº 8 no telefone, melhor! (Nº 8 na China é um número de sorte). Os prédios da Universidade de Hubei também eram imensos e muito bonitos, se comparados aos prédios da maioria das universidades públicas brasileiras.


A sensação térmica estava sempre em 40º ou mais, já que estávamos no verão, mas a maioria dos lugares fechados tinha ar-condicionado que melhorava um pouco a situação. Os chineses foram muito receptivos com o nosso grupo, destoando totalmente do que eu esperava e que alguns colegas haviam contado. Sempre dispostos a ajudar e com um sorriso ao ver que você era estrangeiro (o que é bem fácil...). Se você demonstrava interesse pela cultura, ou algum conhecimento do idioma, os sorrisos se abriam ainda mais!


Muitos colegas tiveram problemas com a comida, para se adaptarem aos sabores, temperos e modo de preparo (em geral utilizam bastante óleo de gergelim/amendoim). Eu, ao contrário, me adaptei muito rápido, e engordei 5kg durante os 25 dias, já que comia sem parar e achava tudo uma delícia.


Nossos passeios eram quase todos programados e íamos com o ônibus do curso, mas de vez em quando tínhamos tempo pra sair sem o grupo todo e nos aventurávamos pegando taxi por Wuhan ou Beijing (poucos taxistas falavam inglês). Os lugares que mais gostei de visitar foram o zoológico, a Yellow Crane Tower (Huang He Lou), o Festival do Barco do Dragão, e o Museu de Hubei, em Wuhan; a hidrelétrica Três Gargantas, o Rio Yangtse, e a Floresta de Pedra, na província de Hubei; a Muralha, a Cidade Proibida, o Palácio de Verão e o Templo do Céu, em Beijing.



Fiquei encantada pela China e não poderia existir experiência melhor! Desde 2012 quero voltar para lá conhecer mais lugares, pessoas, e estudar mais o idioma e a cultura chinesa. 



Para quem tem interesse de ir, a passeio, trabalho, ou estudos, o essencial é se despir de todos os pré-conceitos e estereótipos, porque vivenciar a China é diferente de tudo que se possa imaginar. No meu caso, foi muito melhor de tudo que eu imaginei quando pensei: “Vou para a China”. Espero que todas experiências possam ser parecidas com a que tive nesse país.


Relato concedido por Ingrid Torquato, graduanda de Relações Internacionais na UNESP.

domingo, 14 de setembro de 2014

Um ano de vida na China !



Se existe alguma mensagem que gosto de transmitir aos outros com a minha experiência, é que emigrar para o outro lado do mundo, hoje em dia, não é algo de extraordinário ou particularmente especial. Não é preciso grande coragem nem ser muito destemido. Não é difícil nem um bicho de sete cabeças. É apenas preciso querer, e fazer! E a recompensa, essa sim pode ser extraordinária e riquíssima.

Não me identifico com aqueles discursos tipicamente portugueses da saudade, do sacrifício, do romantismo depressivo, do ultra-sensacionalismo de emoções de "quem vai para fora e deixa os seus próximos tão longe" e o quanto isso custa e todo esse tipo de sopas de caldo verde sem sal e mal temperadas. Esteja onde estiver no Mundo estou sempre próximo de quem me é querido, e a vida segue com naturalidade.





Em 12 meses atingi os meus objetivos. Nunca tinha delineado um plano com objetivos nem nada de muito especifico, mas se entendermos necessidades de sobrevivência e conforto básicos como objetivos, então o meu primeiro ano foi um sucesso absoluto. Trabalho, casa, estatuto legal como trabalhador residente no país e independência econômica.

A parte mais impressionante deste meu resumido currículo de vida na China é a obtenção do visto de trabalho (Z Visa) e autorização de residência, perceba-se. Não foi muito complicado para mim obter estes documentos, porque tive uma boa plataforma de apoio tanto a nível da companhia para que trabalho, como por parte da minha família. Mas trabalhar legalmente na China é de facto um bicho de sete cabeças para muita gente, e não deve ser menosprezado o feito de conseguir ultrapassar esse obstáculo.





Quanto ao resto, depende de cada um. Pessoalmente cultivo uma atitude de calma ponderação e contemplação para atuar e decidir o que fazer a seguir, misturada com uma postura de ação repentina e impulsiva quando calha. Não faço planos.

É uma atitude que poderá ser confundida com preguiça, procrastinação e irresponsabilidade (como algumas pessoas por vezes não hesitam em me dizer), mas acredito genuinamente que é sensato não só ponderar sobre as opções que temos e que podemos influenciar diretamente, assim como observar/esperar pelo que pode acontecer à nossa volta ao acaso. Ali no meio é onde as minhas decisões costumam acontecer e se concretizam, sem stresses de preferência. E desafio qualquer pessoa que se diz muito organizada e que planeia exaustivamente o seu futuro a mostrar-me o seu plano de há um ano atrás e como tudo correu tal como previa até agora. Basicamente, acredito que fazer planos acaba por ser irrealista, algo arrogante, inconsequente, imaturo até, e, em certa medida, irresponsável.





Todo este ultimo parágrafo para explicar aquela que é a minha resposta para quase todas as ocasiões em que alguém me pergunta algo como "então como é que isso aconteceu? Como chegaste aí?": Calhou. Como consegui o meu emprego? Calhou. Fui a uma série de entrevistas, e calhou este. Como consegui o lugar onde vivo? Calhou. Percorri alguns anúncios online, fui visitar e escolhi um.

Como e por que decidi vir para a China? Bem, não diria que calhou, mas aconteceu tudo muito depressa. No fundo, calhou: surgiu-me a ideia por volta da hora de almoço de um dia qualquer (lembro-me por acaso), pensei no assunto, e decidi que o iria fazer. A partir daí fiz uma série de telefonemas e contatos para assegurar umas certas bases futuras, "arrumei a casa" (comecei a tratar de tudo para dispensar a casa em que vivia e todos os bens que possuía e já não queria), e tratei de arranjar a passagem. Entre o tempo da decisão e da viagem, terá passado cerca de um mês. A mudança apenas não foi mais rápida porque pelo meio ainda me surgiu um trabalho de 15 dias que me garantiu de forma muito conveniente algum dinheiro extra para ajudar. Ou seja, calhou e caiu do céu esse ultimo impulso financeiro que tanto jeito me deu. Finito esse tal trabalho, já tinha a viagem marcada e rumei em direção ao nascer do Sol. Nem sequer levava um visto no meu passaporte. Tinha me informado que o poderia obter em Hong-Kong num prazo de horas, e portanto aí chegado tratei do visto para no dia seguinte rumar ao meu destino final: Shenzhen, já na China continental. Fácil e sem complicações.





Ou seja, não existe uma história ou mensagem inspiradora e dramática por trás da minha mudança. Não é um ato de impressionante coragem carregado de mágoas e sacrifícios. É apenas, tal como tantas outras coisas na vida, uma decisão, seguida da ação que a concretizou. E esta é essencialmente a lei que dita a lógica da vida.

PS: A China é um país que acolhe bem. Deveria ter começado por isto talvez. Com a mentalidade e disposição adequadas, vive-se muito bem neste país. Em geral recomendo fortemente que se visite e/ou viva neste país, mas ao mesmo tempo custa-me muito recomendar a alguém em particular. É daquelas coisas...não é para todos, mas recomenda-se a toda a gente.

Relato concedido por Daniel Camilo.