Fotos acervo pessoal de Carolina Rodrigues |
Acredito que começar dizendo
alguns dos motivos que me encorajaram a viajar para a China é uma boa forma de
introduzir o relato da minha experiência naquele país. Primeiramente, sou e
sempre fui uma pessoa que gosta muito de viajar, alguém que não sente ter
criado raízes ou laços fortes o bastante para segurar ou amarrar e que então, vive
de cá pra lá se apaixonando cada vez
mais pelas culturas com que se depara. Desde que comecei o curso de Relações
Internacionais, senti uma ligação forte com a cultura chinesa então procurei
atividades na universidade que me aproximassem mais do curioso país asiático
que crescia rapidamente. Foi assim que procurei o grupo de estudos BRICS (no
qual estudava a relação da China com os outros países do bloco: Brasil, Rússia,
Índia e África do Sul), fiz iniciação científica sobre economia chinesa e, por
fim, procurei um curso de mandarim para estreitar ainda mais meus laços com as
peculiaridades da cultura chinesa.
E foi aí que surgiu a
oportunidade de viajar para a China, o curso de mandarim na universidade era
oferecido pelo Instituto Confúcio, o qual também oferecia bolsas para cursos de
verão e intercâmbios de longa duração na China para estudantes brasileiros, o
instituto foi idealizado pelo Ministério de Educação chinês e foi trazido para
o Brasil para aproximar a potência asiática da potência sul-americana.
Dediquei então meu primeiro
semestre de 2011 ao desafio de conseguir embarcar nessa aventura: aulas de
mandarim, formulários, passagens, visto e por fim, o dia da viagem. Desembarcar
na China foi uma experiência incrível e inenarrável. A China é diferente do
Brasil, é diferente de qualquer país ocidental e tenho lido o suficiente para
dizer que é diferente de absolutamente tudo neste planeta. Estar ali realizando
um curso de verão de mandarim e cultura chinesa era algo que me fazia não
acreditar muito no que estava acontecendo.
A experiência proposta pelo curso
(aulas e passeios) era incrível, tínhamos aulas de mandarim pela manhã e
cultura chinesa durante a tarde, onde aprendíamos sobre culinária, cultura de
negócios, geografia, história e música. E realizamos três viagens: cruzeiro
para as três gargantas, Xi’an e Pequim. O mais desafiador pra mim não foi o
mandarim, já que nossos monitores falavam muito bem o inglês, mas sim a comida
que sempre foi o meu ponto fraco, já que não gosto de temperos fortes, comida
crua, e de quase nada que eles nos ofereciam de maneira tão educada e cordial,
às vezes para não ser desagradável engolia a comida sorrindo em frente aos
nossos monitores e coordenadores de curso. E o mais interessante foi perceber a
curiosidade que nosso grupo despertava nos chineses; eles pediam pra tirar fotos,
tiravam fotos de nós quando não estávamos olhando, faziam vídeos, paravam na
rua pra ficar olhando, enfim, por onde passávamos era uma loucura só.
Outro aspecto interessante dessa
viagem foi o fato de poder acompanhar de perto das transformações pelas quais a
China estava passando; como os milhares de guindastes, prédios modernos em
construção, rodovias, portos e aeroportos bem como os desafios enfrentados
pelos chineses para dar conta da enorme população e da pobreza que ainda
permanece marcante em muitos pontos das cidades. Estar ali e ter uma dimensão
tão real do crescimento econômico chinês foi sem dúvida um dos pontos mais
enriquecedores dessa experiência.
Ao final do curso, estava tão envolvida
na rotina chinesa que parecia ter vivido um ano em um mês, de tanto
aprendizado, informação para guardar e analisar, de tanta coisa que meus olhos
tinham visto. Essa foi uma experiência que certamente marcou minha vida pra
sempre, e trouxe ganhos para todos os aspectos, tanto pessoal, acadêmico e
profissional. Ainda quero voltar e viver um pouco mais do
que é a China, porque em um mês pude só ter um aperitivo de tudo o que o gigante
asiático tem pra mostrar para o resto do mundo.
Por Carolina Falcão Rodrigues
Discente 4° ano de Relações Internacionais da UNESP/Marília
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