"Eu devo ir para
Hong Kong em Setembro". Quando meu pai soltou essa frase no meio do jantar há uns meses atrás eu rapidamente lembrei de uma galera bem estilosa que tinha
visto no instagram e disse "eu vou junto!".
Afinal, pra que esperar
por um convite quando nos aparece uma oportunidade dessa?
Meu pai tem um
escritório de projetos para varejo e nessa área, assim como na moda, você
precisa estar por dentro das tendências e ver o que a galera moderna está
fazendo, como, de que jeito, etc.
Por isso ir até uma das
cidades mais modernas do mundo, onde há dezenas de shoppings e lojas classe
"A" é essencial pra ele. E já que você vai se dar ao trabalho de
passar mais de vinte horas atravessando o planeta, por que não esticar a viagem
e fazer um pouco de turismo? Somando ao fato de que Setembro é o mês do meu
aniversário, meu pai topou me levar na mala.
Resultado: duas semanas
na China passando por Hong Kong, Shanghai e Beijing!
Fazendo a mala
Setembro é uma das
melhores épocas para ir. O verão lá frita pra caramba e o inverno é o maior
frio, com neve e temperaturas abaixo de zero. Dos quase 15 dias que estivemos,
só 2 foram nublados e um só com garoa. O resto foi céu azul e um calor que fica
bem forte (mas suportável) no meio do dia.
Baseada na previsão, eu montei uma mala com dois shorts, camisetas, vestido,
legging, um tênis confortável para andar bastante, uma bota confortável, uma
jaqueta levinha, uma malha média e um casaco de frio.
Foi o kit perfeito!
O que não pode faltar na
mala: adaptador universal de tomada!!! Lá é um formato bem exótico e são raros
os hotéis que tem tomadas adaptadas pros gringos. Outra boa pedida é uma
extensão com várias tomadas pra conseguir carregar ao mesmo tempo celular,
ipad, laptop e câmera de duas pessoas.
Quanto ao peso das malas: Indo de Shangai a Beijing descobri que as nossas malas estavam acima do peso e tivemos que pagar uns 100 dólares de
multa. O limite doméstico é 20kg, então se der pra levar as coisas mais pesadas
numa malinha ou bolsa de mão ao invés de despachar é melhor.
Poluição
A China é um país bem
poluído e exige alguns cuidados. Algumas pessoas usam máscaras cirúrgicas nas
ruas. O ar pode causar reações de rinite e afins, então procure se hidratar
bastante, se alimentar o melhor que puder, dormir pelo menos 7h para recompor
as energias e leve um kit básico de remédios (dor de cabeça, resfriado, dor de
estômago, etc).
Meu pai ficou
resfriadíssimo e acabou comprando um remédio chinês que ajudou. A medicina
chinesa é quase toda fitoterápica e faz uso de plantas para curar. Lá você encontra farmácias totalmente alternativas com
raízes, folhas e um monte de caixinhas bonitinhas impossíveis de ler.
Como lá eles não falam
inglês, é preciso se esforçar na mímica pra explicar o que você tem e torcer pra dar certo. O ideal é encontrar algum chinês que fale inglês depois pra pelo menos saber a dosagem, porque meu
pai estava tomando um por dia e eu, que tomo remédio chinês a alguns anos já
estava avisando que normalmente são pelo menos 3 cápsulas 3 vezes ao dia e
quando achamos alguém pra traduzir a bula descobrimos que se começava tomando 5
capsulas 3 vezes ao dia!
Companhias aéreas
Nós fomos de SP pra HK
pela Qatar Airlines e lá dentro os vôos domésticos foram pela Dragon Air. É o
caminho mais curto, mas normalmente é também o mais caro. Quem quiser economizar mais pode acabar enfrentando mais de um dia inteiro de viagem (coragem!).
As duas companhias são
ok, nem boas nem ruins. Meu vôo de volta da Qatar foi pior do que o da ida. Peguei um avião bem mais apertado, minha tv deu
problema e sofri com a comida. A Qatar tem uma parceria com uma empresa de entretenimento para avião chamada Oryx que tem uma seleção incrível de filmes. Tem da Disney, tipo Mulan e Universidade Monstro, lançamentos tipo Homem de Ferro 1-2-3 e
Grande Gatsby, clássicos tipo o Mágico de Oz e The Godfather além de um monte de títulos indianos (Bollywood é muito engraçado, vale ver nem que sejam alguns minutos pra conhecer). As series de TV tem menos títulos mas bons como Friends, Parks and Recreation (o favorito do meu namorado) e Game of Thrones. E a seleção musical é legal também. A seleção era Nirvana e pra variar os estilos costumeiros pop e rock, eu acho divertido ouvir os locais "arabic", "hindi",
"malayan", "tamil" e "far east".
Comida de avião
Eu sempre fico na dúvida
se peço veggie meal, porque as cias aéreas tem uma noção muito
equivocada do que é ser vegetariana. Não entendem o óbvio: é simplesmente "não comer carne". Galera tá de sacanagem! Enquanto
o rango normal vem com croissant e cheesecake o meu vem com um pão-pedra pseudo integral e aquelas frutas duras e sem gosto. WTF??? Resta eu invejando o prato do vizinho.
Na Dragon Air teoricamente é mais fino, eles serviram comida de um restaurante tradicional chique chinês chamado "Duck de Chine" onde
meu pai me levou para comer em Beijing. Mas não pareceu ser verdade porque
a comida estava ruim e o restaurante estava delicioso. Note que você pode levar seu próprio lanchinho, desde que o compre na área do aeroporto que fica depois da imigração. Raio-X.
Horas de voo
Uma preparação para
encarar a longa viagem é necessária. São 11 horas de SP até Doha e mais 8
horas e meia de Doha pra Hong Kong. Eu sempre voo de mochila e levo uma necessaire básica, um segura-pescoço inflável, ipad e o meu monstrinho que é um ótimo travesseiro extra.
Quem tiver dificuldade de dormir pode pedir indicação de um remedinho pro seu médico. Eu alterno alguns com ingredientes naturais como o "sono tabs" e muita gente toma o clássico dramim que é pra enjôo (mas nunca tome nada sem autorização do médico, hein?).
Outra dica boa é que normalmente os chás servidos nos vôos tem bastante cafeína (é chá preto) e vão ajudar a deixar acordado. Cuidado pra não tomar o
chazinho achando que vai acalmar ou dar sono!
Ipad e ipods devem ser preparados com seus joguinhos favoritos e uma boa lista musical com trilhas que não enjoem (eu tenho uma playlist no deezer pra quem quiser baixar).
Pra passar o tempo, a Qatar tem uma seleção nota dez de filmes que vão de Mulan e Universidade Monstro (que eu vi na ida e na volta respectivamente) a o Hobbit, Homem de Ferro e The Bling Ring.
O que fazer no aeroporto
Todos os aeroportos são
ótimos, com lojas legais e em Doha vende o meu chocolate favorito:
Maltesers! Se você nunca provou, fica a dica! É o melhor do tipo bolinha de chocolate com farofa crocante dentro.
Por falar em aeroporto, eu descobri que os quatro melhores do mundo são chineses. Realmente incrivelmente limpos, organizados e bonitos. O de Beijing tema forma de um dragão, com as escamas e uma ondulação no
teto bem bacana.
O aeroporto de Hong Kong ganhou "prêmio MariMoon"! Adivinha o motivo... Tem internet de graça e é relativamente rápida! Meu pai fez uma ligação de Skype com câmera e eu fiquei no whatsapp, instagram e pinterest. Ajudou muito na volta quando fizemos Beijing/HK e depois de 5 horas de espera no aeroporto pegamos o vôo HK/Doha. E nesse mesmo aeroporto também tem lojinha da Disney, uma ótima livraria com seleção de livros de moda, revistas japonesas (comprei a Fruits), moleskines que eu nunca tinha visto entre outros presentinhos.
Jetlegging
Minha dica pra evitar o jetleg é simples: a partir do momento que
você entrar no aeroporto
desencane totalmente do horário do seu lugar de origem e tente pensar só
no horário do seu destino final. Ficar pensando "agora no
Brasil são..." só vai deixar seu corpo confuso. Tem que tentar dormir só no
horário que seria noite lá na China. Pra mim sempre dá certo!
Quanto à comida de
avião, nenhuma das companhias oferece um rango razoável. É melhor levar
seu próprio lanche e se alimentar antes de embarcar. Evitar comidas
que causem flatulência e sejam fáceis de digerir, ajuda não só a
evitar uma vontade extra de ir ao banheiro mas também desconfortos
durante o vôo. Evite brócolis, couve-flor, lácteos, folhas e
feijão.
Quem tiver facilidade
com línguas e boa memória vale aprender o mandarim básico porque fora de Hong Kong a galera praticamente não fala inglês. Sem exagero, a imensa maioria não entende nadica de nada.
Prepare-se para fazer muita mímica! Até mesmo com atendentes de hotel e em redes internacionais como Mc Donalds, KFC, etc.
Se tiver internet, uma
boa saída é usar o tradutor do celular. E quando encontrar quem fale inglês, evite caprichar no sotaque americano ou inglês porque eles têm mais facilidade de entender se você fala
"mal". É bizarro, mas no final dá tudo certo e ainda rende umas
risadas.
Relato concedido por MariMoon, apresentadora de TV, estilista, repórter e blogueira brasileira.