Primeira impressão da
China: Pequim é realmente bem poluída. A segunda: sim, eles te encaram na rua
por ser diferente e, de vez enquanto, você ganha um sorriso.
Cheguei dia 03 de
setembro de 2013 aqui na cidade de Wuhan, considerada uma dentre as quatro
cidades mais quentes da China, um verdadeiro vulcão como eles mesmos dizem.
Wuhan também é bastante conhecida por ser a cidade “centro” da China. Com mais
ou menos 2h30 de avião ou até 5h de trem você consegue chegar aos polos
extremos do país. Sua culinária é conhecida pelo peixe de água doce e o arroz.
Na área industrial tem muito potencial na produção de fibra ótica.
Quando cheguei a Wuhan
consegui entender melhor porque os chineses dizem que nós brasileiros somos
preguiçosos e que nós estamos bem atrasados em relação a eles. Aqui o ritmo das
coisas é frenético, o trem bala aqui já cobre todas as extremidades do
território nacional, por onde você anda tem prédios com mais de vinte andares
sendo construídos, final de semana não existe, domingo então não é dia de ficar
em casa vendo “Domingão do Faustão”. Estamos acomodados com as facilidades que
nossas riquezas naturais oferecem, como um clima ameno e condições de relevos
favoráveis ao cultivo, para eles (os chineses) somos todos “baianos”.
As minhas primeiras
dificuldades aqui foram sem dúvidas a língua, o banheiro e a comida. Apesar de
estudar o mandarim por algum tempo, não tive um bom contato com o mandarim
falado no dia a dia, por isso encontrei dificuldades principalmente de
expressar-me, de fazer-me entender. O banheiro. Ah! O banheiro é no chão mesmo!
Sim, naquele buraquinho. Os prédios mais novos e os hotéis oferecem a privada,
porém os já não tão novos, as casas e os banheiros públicos são no chão, para
os homens acho mais fácil na hora do aperto, agora as mulheres têm que treinar.
A comida é a base de
macarrão, arroz, legumes e verduras cozidos numa água temperada, que no começo
tem um gosto estranho, mas depois você se acostuma. Se você não gosta de
pimenta a primeira frase que deve aprender é:
不辣椒 (bù làjiāo - sem pimenta), às vezes não é
questão de não gostar de pimenta, é porque vem muita mesmo e não estamos nosso
estômago, não está acostumado a isso.
Aqui na Universidade de
Hubei, que é uma universidade estadual, estudo o mandarim, a cultura e a
história da China. Estou dividindo o apartamento com mais uma brasileira, já
formada em Relações Internacionais, e uma vietnamita, que faz mestrado voltado
para o ensino da língua chinesa. Então, eu e a outra brasileira acabaremos
sendo as cobaias, ou melhor, a parte prática do estudo dela. De acordo com um
estudo realizado pela professora que dá aulas de cultura, em primeiro lugar no
ranking de nacionalidades com maior facilidade em aprender, falar e escrever o
mandarim estão os vietnamitas, em segundo os coreanos e, nós ocidentais,
estamos em nono (se não me engano).
Dentre os estudantes
estrangeiros muitos são brasileiros, coreanos e vietnamitas, porém encontramos
belgos, checos, ingleses, franceses, americanos, malauianos e pessoas da
Malásia. Culturas, línguas e costumes que podem chocar primeiramente,
principalmente os dos asiáticos, porém todos se mostram bem receptivos à
diversidade. Muitos dos brasileiros e estrangeiros que estão aqui já terminaram
a faculdade focada na área de Administração, Relações Internacionais, História,
Computação e em suma de Letras.
Curiosidades: eles
fungam e cospem na sua “frente” mesmo, até mulheres; a lei brasileira de que é
proibido fumar em lugares fechados deveria ser adotada aqui; se você é mais
gordinho, como eu, os chineses que sabem um pouco de inglês irão te abordar
dizendo “eu vendo Herba Life” ou “você conhece o chá verde?”; você se vira com
o inglês só dentro da faculdade; o café deles parece chá, mas eles vendem
Nescafé; pornografia é proibida, mas o guardinha do prédio em que estudamos tem
uma gaveta cheia dessas coisas; os chineses são pontuais, mas te avisam dos
eventos, reuniões e acontecimentos importantes um pouco em cima da hora; e eles
vivem numa “desordem organizada”, ou seja, no final eles se entendem e a gente
adapta-se, para pelo menos não morrer atropelada.
Por enquanto essas são
algumas coisas que me chamaram a atenção, coisas superficiais e/ou diárias eu
acredito, muitas outras coisas novas eu aprendi nessas duas semanas aqui, mas
deixarei para abordá-las em outra postagem. Sintam-se à vontade para deixar comentários,
críticas, sugestões.
Por Taiame Souza, estudante de Relações Internacionais e amante da cultura chinesa.
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