sábado, 9 de novembro de 2013

China à primeira vista !



Primeira impressão da China: Pequim é realmente bem poluída. A segunda: sim, eles te encaram na rua por ser diferente e, de vez enquanto, você ganha um sorriso.

Cheguei dia 03 de setembro de 2013 aqui na cidade de Wuhan, considerada uma dentre as quatro cidades mais quentes da China, um verdadeiro vulcão como eles mesmos dizem. Wuhan também é bastante conhecida por ser a cidade “centro” da China. Com mais ou menos 2h30 de avião ou até 5h de trem você consegue chegar aos polos extremos do país. Sua culinária é conhecida pelo peixe de água doce e o arroz. Na área industrial tem muito potencial na produção de fibra ótica.
Quando cheguei a Wuhan consegui entender melhor porque os chineses dizem que nós brasileiros somos preguiçosos e que nós estamos bem atrasados em relação a eles. Aqui o ritmo das coisas é frenético, o trem bala aqui já cobre todas as extremidades do território nacional, por onde você anda tem prédios com mais de vinte andares sendo construídos, final de semana não existe, domingo então não é dia de ficar em casa vendo “Domingão do Faustão”. Estamos acomodados com as facilidades que nossas riquezas naturais oferecem, como um clima ameno e condições de relevos favoráveis ao cultivo, para eles (os chineses) somos todos “baianos”.

As minhas primeiras dificuldades aqui foram sem dúvidas a língua, o banheiro e a comida. Apesar de estudar o mandarim por algum tempo, não tive um bom contato com o mandarim falado no dia a dia, por isso encontrei dificuldades principalmente de expressar-me, de fazer-me entender. O banheiro. Ah! O banheiro é no chão mesmo! Sim, naquele buraquinho. Os prédios mais novos e os hotéis oferecem a privada, porém os já não tão novos, as casas e os banheiros públicos são no chão, para os homens acho mais fácil na hora do aperto, agora as mulheres têm que treinar.

A comida é a base de macarrão, arroz, legumes e verduras cozidos numa água temperada, que no começo tem um gosto estranho, mas depois você se acostuma. Se você não gosta de pimenta a primeira frase que deve aprender é: 不辣椒 (bù làjiāo - sem pimenta), às vezes não é questão de não gostar de pimenta, é porque vem muita mesmo e não estamos nosso estômago, não está acostumado a isso.

Aqui na Universidade de Hubei, que é uma universidade estadual, estudo o mandarim, a cultura e a história da China. Estou dividindo o apartamento com mais uma brasileira, já formada em Relações Internacionais, e uma vietnamita, que faz mestrado voltado para o ensino da língua chinesa. Então, eu e a outra brasileira acabaremos sendo as cobaias, ou melhor, a parte prática do estudo dela. De acordo com um estudo realizado pela professora que dá aulas de cultura, em primeiro lugar no ranking de nacionalidades com maior facilidade em aprender, falar e escrever o mandarim estão os vietnamitas, em segundo os coreanos e, nós ocidentais, estamos em nono (se não me engano).

Dentre os estudantes estrangeiros muitos são brasileiros, coreanos e vietnamitas, porém encontramos belgos, checos, ingleses, franceses, americanos, malauianos e pessoas da Malásia. Culturas, línguas e costumes que podem chocar primeiramente, principalmente os dos asiáticos, porém todos se mostram bem receptivos à diversidade. Muitos dos brasileiros e estrangeiros que estão aqui já terminaram a faculdade focada na área de Administração, Relações Internacionais, História, Computação e em suma de Letras.

Curiosidades: eles fungam e cospem na sua “frente” mesmo, até mulheres; a lei brasileira de que é proibido fumar em lugares fechados deveria ser adotada aqui; se você é mais gordinho, como eu, os chineses que sabem um pouco de inglês irão te abordar dizendo “eu vendo Herba Life” ou “você conhece o chá verde?”; você se vira com o inglês só dentro da faculdade; o café deles parece chá, mas eles vendem Nescafé; pornografia é proibida, mas o guardinha do prédio em que estudamos tem uma gaveta cheia dessas coisas; os chineses são pontuais, mas te avisam dos eventos, reuniões e acontecimentos importantes um pouco em cima da hora; e eles vivem numa “desordem organizada”, ou seja, no final eles se entendem e a gente adapta-se, para pelo menos não morrer atropelada.
Por enquanto essas são algumas coisas que me chamaram a atenção, coisas superficiais e/ou diárias eu acredito, muitas outras coisas novas eu aprendi nessas duas semanas aqui, mas deixarei para abordá-las em outra postagem. Sintam-se à vontade para deixar comentários, críticas, sugestões.

Por Taiame Souza, estudante de Relações Internacionais e amante da cultura chinesa. 


domingo, 3 de novembro de 2013

Uma vez foi pouco!


Olá pessoal, tudo ótimo! Quem escreve é Kátia Repulho, graduada em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi, com formação técnica e guia de turismo pelo SENAC SP, e aluna de Mandarim no Instituto Confúcio em São Paulo, onde estudo há cerca de 05 anos (sendo 02 destes na China), buscando no Mandarim ter um diferencial profissional e competitivo no mercado, aliado às crescentes oportunidades de trabalho, vindas das crescentes relações comerciais entre Brasil e China. E através do Instituto, tive oportunidade de visitar a China em dois momentos distintos: participando do Curso de Verão na Universidade de Hubei (Julho/2011), e depois sendo contemplada com bolsa de estudos para estudar Mandarim, também na Universidade de Hubei (Setembro/2011 a Julho/2013).

Devo dizer que quando fui para viajar, e depois quando voltei para morar, minha visão de realidade do local mudou bastante, pois quando você só viaja por um curto tempo, até as experiências mais esquisitas tornam-se boas lembranças e histórias para contar, tudo é novidade, é lindo, é mágico! Mas quando você mora num local por um tempo mais longo, sua visão e percepção dos contrastes é algo que você passa a conviver diariamente, passa a te afetar profundamente, e é preciso muita vontade e determinação de estar aberto e se adaptar às situações se não quiser sofrer!

Na China, tudo nos chama a atenção: o verão extremamente quente e o inverno extremamente frio, os cheiros característicos dos ambientes, ver tudo escrito em ideogramas, os olhares fixos e curiosos dos chineses para nós estrangeiros, chineses que nunca haviam nos visto queriam tirar fotos e mais fotos conosco, muitas vezes não conseguíamos saber o que comíamos, arriscar e experimentar pratos e sabores novos e exóticos (até demais) para nós, dificuldades de comunicação, aprender a barganhar nas compras, descobrir o que eram certas coisas à venda nas ruas e nos mercados, a hostilidade da maioria das pessoas aos animais de rua, as diferenças em nosso modo de se vestir, de se comportar, e de higiene, enfim, tudo MESMO nos impressionava e não escapava aos nossos olhares e comentários.

Também devo dizer que ao longo deste tempo fiz muitos e bons amigos chineses, que para nos atender em qualquer necessidade se doavam ao máximo para nos deixar bem e satisfeitos, tinham o maior prazer e alegria em conviver conosco, em querem saber mais sobre a gente, nossa vida, nossas opiniões e idéias. Mas para conhecê-los a fundo, primeiro era preciso sentirem confiança na gente! Percebi que na sociedade chinesa, o respeito ao mais velho e aos superiores é muito forte: o acato do filho aos pais, do aluno ao professor, do mais novo ao ancião, do funcionário ao chefe, do cidadão comum às autoridades. E também percebi que eles não têm a liberdade de expressão que nós brasileiros temos, eles não se sentem livres para fazer certas escolhas próprias, para seguir o que realmente querem fazer, não se sentem livres para contrariar ordens, para manifestar insatisfações.


Enquanto eu estava na China, tive oportunidades de viajar a muitos lugares daquele país, (acho até que conheço mais a China do que o Brasil!), e também percebi que dentro do país China, existem muitas “Chinas”: como aqui no Brasil, cada lugar tem sua beleza natural, sua importância histórica, política, econômica e turística, têm povos com princípios, hábitos e pensamentos muitos diferentes entre si. Percebi que nas cidades onde existe maior influência ocidental, os chineses são mais parecidos conosco, e em todos os lugares, nós estrangeiros somos muito bem-vindos!

Por Kátia Pepulho